A COP é uma das maiores iniciativas globais de enfrentamento da crise climática e acontece, em novembro, no Brasil
A COP 30, Conferência das Partes (COP), realizará sua 30ª edição no Brasil, na cidade de Belém, no coração da Amazônia. O momento é também de oportunidades para empresas e sociedade civil estabelecerem metas para mitigar os danos. É grande a expectativa para o encontro, com um fluxo aguardado de quase 100 mil visitantes durante os principais dias da Conferência. Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada “família COP“, formada por equipes da ONU e delegações de países membros. O mundo estará olhando para nós.
A COP acontecerá de 10 a 21 de novembro de 2025, mas muitos encontros têm antecipado um pouco da movimentação que deve tomar conta de Belém durante a conferência. Um deles, o COP no Brasil – desafios e oportunidades, reuniu alguns dos agentes que, para além do evento internacional anual, trabalham todos os dias pelas questões ligadas à crise climática. A conversa aconteceu no Museu das Culturas Indígenas, em São Paulo, e a BANCA Comunicação + Impacto esteve presente.

Crise climática: a volta da Green Zone
A programação foi composta por representantes do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e da LACLIMA – Latin American Climate Lawyers Initiative for Mobilizing Action, primeira organização de advogados de mudanças climáticas na América Latina.
A localização da próxima COP, após edições em Dubai, nos Emirados Árabes, e Sharm El Sheikh, no Egito, foi um dos pontos discutidos no encontro realizado em São Paulo. Não apenas pelo fato de as duas cidades serem fortemente ligadas à extração de petróleo – matriz energética que está no centro da crise climática –, mas também pelo caráter fechado de seus regimes e culturas.
Marcelo Vieira, diretor de Sustentabilidade, ESG e RSC na Juntos, braço de sustentabilidade da Approach Comunicação, organizadora do encontro, lembrou, por exemplo, da grande expectativa pelas dinâmicas na chamada Green Zone, espaço da COP voltado a discussões com a sociedade civil e que, nas edições 28 e 29, ficou esvaziado. “Também por conta da pandemia, mas muito por estarmos em países fechados”, observou.
Crise climática: a COP do território
A advogada Caroline Frasson, da LACLIMA, compartilhou com os presentes o que motivou a criação da organização – que hoje conta com 1300 advogados, em 26 estados do Brasil – e a importância de a COP30 ser em Belém. “A COP Belém é um respiro depois das últimas [edições do evento] e está muito ligada ao território”, disse, lembrando que a capacitação jurídica para a questão da crise climática está no cerne do trabalho do LACLIMA.
Crise climática: saiba mais sobre a Amazônia e o Cerrado
Especialista em comunicação do IPAM Amazônia, Bibiana Garrido trouxe dados sobre dois dos biomas mais ameaçados pelo desmatamento – sobretudo, o ilegal –, um dos principais fatores da crise climática: a Amazônia e o Cerrado. A primeira, maior floresta tropical do mundo, ocupa 49,5% do território nacional e tem, hoje, apenas 47% de seu bioma protegido. Já o Cerrado cobre 23,3% do Brasil e tem só 7% de seu bioma protegido.
“Daí a importância de termos uma economia de transição para mercado de baixas emissões e soluções baseadas na natureza para criar desenvolvimento econômico”, disse Bibiana, a respeito da Amazônia.
Para o Cerrado, na visão do IPAM, algumas respostas passam pelo apoio e investimento em projetos de povos e comunidades tradicionais e também uma economia baseada na biodiversidade.