Não foi a descoberta do fogo, a invenção da roda, nem o fato de conseguir andar sobre duas pernas e não precisar mais de quatro patas no chão. De acordo com Sapiens – Uma Breve História da Humanidade, dos historiador israelense Yuval Harari, o que definiu a evolução do homo sapiens foi a comunicação, a cultura, a capacidade de contar histórias, de criar significados e, assim, cooperar com estranhos. O livro é um sensacional passeio por essa evolução, mas como comunicadores que somos, a parte dedicada à incrível história da revolução cognitiva é especialmente deslumbrante.
Sapiens foi lançado em 2011, o primeiro da série formada também por Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã e 21 Lições para o Século 21. Em 2020, Sapiens – O Nascimento da Humanidade foi publicado em quadrinhos, seguido por Sapiens – OS pilares da Civilização. Para começar, é importante saber que três revoluções definiram o curso da história: a cognitiva há 70 mil anos, a agrícola há 12 mil, e a científica apenas há 500 anos.
Nós Homo Sapiens pertencemos a uma família conhecida como ‘grandes primatas’, que também inclui os Australopthecus, Neandertais, Homo erectus, Homo soloensis, Homo floresiensis, Homo Denisova. Alguns gigantes, outros diminutos, alguns caçadores temidos, outros dóceis coletores de plantas, mas todos integrantes do gênero Homo. É uma falácia conceber essas espécies dispostas em uma linha reta de descendência, dando origem a nós, os Sapiens, crendo que cada espécie habitou o planeta momentos diferentes e sequenciais. .
E se as espécies habitaram no mesmo momento, como os Sapiens se sobressaíram? Ou se instalaram tão rápido em tantos habitats com diversidade ecológica? Como condenaram as outras espécies humanas ao esquecimento? Até os Neandertais mais fortes, cérebro gigante, resistente ao frio não sobreviveram ao ataque tão violento? Que ataque foi este?
Muitas perguntas para uma resposta mais provável: a LINGUAGEM. Quase que a totalidade dos pesquisadores acredita que estas conquistas sem precedentes foram produtos de uma revolução, novas formas de pensar e se comunicar entre 70 a 30 mil anos atrás constituiu a revolução cognitiva.
Temos algo tão especial na linguagem que conectamos uma serie limitada de sons e sinais produzindo infinitas frases, cada qual com significados diferentes. Mas a característica verdadeiramente única da nossa linguagem não é sua capacidade de transmitir informações sobre leões, homens, mas a capacidade de transmitir informações sobre coisas que não existem.
Até onde sabemos, só os Sapiens podem falar sobre tipos de entidades que nunca viram, tocaram ou cheiraram. Lendas, mitos, deuses e religiões aparecerem pela primeira vez com a revolução cognitiva. Antes, muitas espécies diziam cuidado o leão, mas devido a revolução cognitiva adquiriu-se a capacidade de dizer “o leão é o espirito guardião da nossa tribo.”
A revolução cognitiva é o ponto em que a história declarou independência biológica. As narrativas históricas substituíram as narrativas biológicas como principal meio de explicar desenvolvimento do homo sapiens. E quais suas “consequências”?
Vejamos algumas:
- Nova habilidade: capacidade de transmitir maiores quantidades de informação sobre o mundo a volta do Homo Sapiens
Benefício: grupos maiores e mais coesos - Nova habilidade: capacidade de transmitir grandes quantidades de informações sobre relações sociais dos Sapiens.
Benefícios: planejamento e realização de ações complexas (evitar leões e caçar bisões, por exemplo) - Nova habilidade – capacidade de transmitir grandes quantidades de informação sobre coisas que não existem e fato: espíritos tribais, nações cias de responsabilidade limitada e direito humano
Benefício: cooperação entre números maiores de estranhos. Rápida inovação do comportamento social.