A atividade representa hoje 8% do PIB brasileiro, mas tem sido chamada a repensar suas práticas por um futuro que se quer, cada vez mais, sustentável
De acordo com números mais recentes da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), divulgados em setembro de 2023, o turismo brasileiro representa hoje 8% do PIB brasileiro.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entre novembro de 2023 e fevereiro 2024, o setor faturou R$ 155,87 bilhões, valor que representa um aumento real de 5,6%, em relação ao mesmo período da última temporada.
Anotou as cifras? Agora considere que mais de 80% das pessoas se mostraram dispostas a pagar mais por bens e serviços produzidos de forma sustentável, conforme apontou a pesquisa Global Consumer Insights Pulse Survey.
Com essas informações, podemos dizer que estamos diante do presente e (talvez) do futuro do turismo – aqui e no mundo. Um setor que vem se recuperando da pandemia, mas que deve ser cada vez mais impactado por uma agenda onipresente, a da sustentabilidade.
Com 10% dos ouvidos pela Global Consumer dispostos a pagar até 30% por um bem mais sustentável, os empreendimentos atentos a essa pauta tendem a se destacar. Além de estarem mais preparados para normas e regulações que certamente virão – basta ver a “lei anti-greenwashing” que o Parlamento Europeu aprovou recentemente.
Reunimos alguns hotéis e pousadas que estão num bom caminho rumo à sustentabilidade – todos, inclusive, certificados pelo SeloXIS, cliente BANCA que oferece ferramentas não só para avaliação como também para a proposição de práticas sustentáveis e ESG.
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Um dos destaques aqui é a instalação de um sistema de compostagem que resolveu o problema de destinação de resíduos. “Por exemplo, não tínhamos mais espaço para enterrar os cocos, a saída que encontramos foi montar canteiros de compostagem, pois não temos coleta seletiva de resíduos orgânicos” conta Silmara Ambrósio, CEO do grupo que controla o local. Entre outras iniciativas, o Rancho do Peixe mantém circulação natural de vento em suas acomodações, apenas 14% de área construída, preservando o restante intocado, além de atuar junto à comunidade local em projetos socioambientais.
Refúgio na Serra Boutique Hotel
O descarte de resíduos se divide entre o destinado para reciclagem (processo que envolve cooperativas locais) e o lixo orgânico que vira adubo graças a um sistema próprio de compostagem. Por outro lado, os materiais e insumos que entram vêm de fornecedores da própria região. A atuação junto à comunidade do entorno também inclui educação e qualificação profissional para questões ambientais. A energia é limpa (há sistemas de captação solar e eólica) e o plástico é praticamente zero: todas as bebidas, por exemplo, são em lata de alumínio e, nas lixeiras, só sacos de papel.
Casa dos Arandis
Além de fazer o tratamento de efluentes, o hotel também utiliza água de reuso e baniu produtos e materiais de limpeza que não sejam biodegradáveis. Já o lixo orgânico é todo transformado em adubo por meio de um sistema próprio de compostagem. O trabalho em rede, com fornecedores e instituições socioambientais, também ganha destaque. Desde a realização de cursos de qualificação profissional para a mão de obra local até as parcerias que mantém com projetos como a Rede de Agroecologia Povos da Mata e a Holy Health, que usa a nanotecnologia para encontrar formas alternativas de purificação e mineralização de suas águas. Sem contar o trabalho com a Turismo CO2 Legal, sendo o primeiro hotel da Península de Maraú a participar desse programa.
Vila de Alter
O empreendimento tem a consciência ambiental, a sustentabilidade e o turismo ecológico no cerne do negócio: do tratamento de afluentes e reuso de água – com um interessante circuito de bananeiras para filtrar águas cinzas – à existência de uma comissão interna responsável exclusivamente pelas práticas socioambientais. Filtros de água são oferecidos como alternativa ao consumo de garrafas descartáveis, o plástico de uso único é reduzido e a cozinha prioriza produtos vindos de agricultura familiar. A própria construção utilizou madeira reflorestada e telhas feitas de fibras vegetais recicladas.
Vila Kalango
Os móveis e objetos de decoração são produzidos na região, pegada artesanal local que encontramos também na cozinha que usa produtos vindos na horta orgânica cultivada no Rancho do Peixe (pousada vizinha e do mesmo grupo) e na maneira de lidar com resíduos, em atuação conjunta com a associação Usina de Reciclagem de Jericoacoara tanto nos processos de reciclagem quanto na preservação e limpeza de praias. Com apenas 34% de área construída, a Vila Kalango acompanha e avalia continuamente seu consumo de energia (e dispensa gerador, por conta do impacto ambiental), atua na preservação dos ecossistemas locais, mantém relação próxima como ações locais, gera relatórios de desempenho (KPIs) e tem suas práticas sustentáveis certificadas, caso do próprio SeloXIS.
Bupitanga Hotel
O hotel faz mais do que equacionar natureza e conforto na Praia de Pipa (RN), um dos destinos mais procurados pelos brasileiros. São muitas as ações que preservação e recuperação ambiental – por meio de projetos próprios e também em parceria com as comunidades do entorno. O local possui uma comissão interna responsável exclusivamente por práticas de sustentabilidade, como o tratamento de efluentes e reuso de água, a geração de energia limpa (solar e eólica) e a contratação de fornecedores locais – fundamental para impulsionar a economia da região.
Maitei Hotel
O empreendimento põe em prática uma política de sustentabilidade que cobre desde o acompanhamento contínuo do consumo de energia até o uso de madeira reflorestada E telhas feitas a partir de fibras vegetais recicladas na construção. Os resíduos são destinados a cooperativas de reciclagem, numa relação com o entorno que também inclui participação direta em ações locais e apoio a instituições que desenvolvem projetos socioambientais na região, como a Associação Anjos D´Ajuda e a Associação Filhos do Céu. A energia gerada é limpa (solar, eólica e hidráulica) e uma comissão interna própria cuida dessas e outras práticas sustentáveis.
Fazenda São Francisco Do Corumbau
Aqui, o controle da energia consumida é todo automatizado e nem mesmo o lixo orgânico é descartado, os resíduos seguem para a compostagem e voltam como adubo. As árvores nativas foram preservadas durante a construção, como exemplo de uma conscientização que é trabalhada com toda a comunidade, por meio de projetos de educação e qualificação profissional. O entorno também é incluído na cadeia com o uso de fornecedores locais e apoio a iniciativas e ONGs regionais.